sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Passadas é Passado

Achei que já tinha chorado tudo que dava para chorar.
Ledo engano. Acabei de chorar mais alguns litros.
Assisti a São Silvestre e lembrei de outros Reveillons
por causa desta prova. É sagrado. A não ser que estou
fora do país, assisto a corrida e depois presto minha
homenagem: Calço o tênis e vou correr. Quer dizer ia.
Isto sem contar as 4 vezes em que lá estive pessoalmente.
Ou dos vários simulados em que voei baixo abaixo
de 1h04'. Lembrei do Reveillon de 97 em Itaúnas.
E 1999 em Guarda do Embaú. E 2000 no Rio.
Ano retrasado no Guarujá. Ano passado em Ubatuba.
Graças a esta homenagem que fazia questão de prestar.
dar minhas singelas passadas. Dependendo da forma
física do ano, as vezes mais lentas, as vezes mais vigorosas.
Até hoje. Hoje estou preso nesta doença, neste corpo que
não me pertence e que eu estranho a cada dia mais.
Com dificuldade, subi da piscina até a casa do sítio,
ancorado pelo meu tio e primo em cada braço.
Liguei a TV e chorei. E choro novamente ao ler as palavras
do meu irmão que acabam de chegar pelo celular:
"Cla: sua São Silvestre 2010 foi terça quando depois
de 6 meses vocé devolveu a cadeira! Normal se emocionar...
Eu fiquei emocionado... Escreve um texto sobre.
Vale a pena. Beijos."
Escrevi. Chorei. Valeu a pena. Beijos.
Feliz 2011.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Self- Portrait

Oito ou oitenta. Quente ou frio, morno eu vomito. Prazer. Este
sou eu. Tive fases bem delineadas justamente por isto. Se começo
algo e me interesso, caio de cabeça. Mergulhei fundo no mergulho.
Fiz o curso básico. De caça, avançado, rescue-diver até dive-master.
Mergulhei com raias, baleias, moréias, tubarões. Até peixes.
Em navios, um Airbus, cavernas, paredões. Raso e fundo.
Consegui. Sou O Mergulhador. Sou O Fodão.
E quando comecei a correr? Para não me destruir nas agências,
me reconstruí nas ruas. Voltei a nadar. Vou correr uma maratona.
Tempo não importa. Na primeira não. Na segunda, sim.
Na décima, sim. Nado 3km por dia, corro hora e meia, faço
a maratona para baixo de 3h10’, os 10km pra baixo de 39’.
Consegui. Sou O Maratonista. Sou O Fodão.
Radical. Enquanto os outros fazem uma tattoo na perna, eu fecho
os braços. E foi assim com tudo na minha vida. Talvez por isso
eu tenho tantas viagens, tantas coisas vistas, vividas. Sempre
me atirei. Mas sempre perdia um interesse por outro. E me achava
radical demais. Conscientemente, quis mudar. O bandidão, tatuado
e harleyro também pode ser corredor e até, pasmén, mergulhador.
Comecei com exito a dosar as coisas. Não preciso ser fodão.
Preciso fazer as coisas e ter prazer com elas. Preciso me cobrar
menos, curtir mais. E um belo dia, eis que veio a doença.
Não vou ter um simples câncer de próstata. Não me venha com
um cancerzinho no pulmão. Para mim tem que ser um câncer mais
difícil. E eis que paro de andar de moto, andar a pé, correr, nadar,
mergulhar, namorar. Radical, vou me dedicar só a doença.
Consegui. Sou O Paciente. Sou O Fodão.

Salinas Boys

Espetacular.
www.salinasboys.com/

ART

Bugs

"Cada coisa que voa no meu rosto..."

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sopa

Devo confessar. Devo não, quero. Não tenho dívidas.
Então vamos lá, de novo. Quero confessar. Agora sim.
Estou gostando desta bricadeira. Brincar com as palavras.
Brincar de escrever. Não sei se estou meio deslumbrado
ou talvez excitado com a receptividade de vocês. E de verdade,
não importa. Óbvio que ouvir elogios, amealhar pessoas que
querem ler o que você tem a dizer é muito bom. Mas antes
de mais nada, quero mesmo é me satisfazer. Quero fazer algo,
ver o resultado e me sentir bem. É o que tenho feito.
Enquanto publici-otário em que suas idéias vão sendo mutiladas 
por indivíduos que nunca leram Dostoiévski ou Paulo Coelho,
aqui quem cria, escreve, aprova e coloca no ar soy jo. Delícia.
Sou dono do campo, da bola, dos uniformes, das traves.
Nada mais justo que escolher os times e ser também o juiz.
Não sei se minha produção era melhor quando era mais esparsa.
Ou conforme exercito, melhor ela fica. De verdade, nem sei
se este é o objetivo. Sei que tenho me divertido com esta coisa
de juntar letrinhas. Por enquanto está bom.

Moooooo

Talvez por ter sido atleta, comia que nem pedreiro.
Sabe aquele prato, arroz, feijão e macarrão? Era meu.
Hoje em dia, por ter mais limitações na vida, tenho mais
prazer à mesa. Não sei se minhas papilas gustativas evoluiram.
Ainda como que nem um boi (algumas más línguas dirão que
pareço um), mas aprecio mais as iguarias à mim oferecidas.
Me importo menos em gastar uma bela grana em um restaurante,
desde que a comida seja muito boa. Para um muqueta como eu,
só falar em gastar uma bela grana já é uma mudança significativa.
Minha mãe preparava um quitute muito elogiado. Eu nunca fui fã.
Talvez pelo nome ou pela imagem dela inteira no mármore frio,
mas língua nunca me apeteceu. Tenho primos que esperavam
o ano inteiro, para em uma festa judaica se deleitarem
com o prato preparado pela minha mãe. Meu pai também
era um grande fã da língua da minha mãe.
Hoje, em um bistrô que sempre vou aqui do lado de casa
(Le French Bazar), na presença do meu querido irmão,
diante do menu, resolvi pedir por algo inédito: língua.
Não sei se por saudade. Ou porque estava pronto para tal
experiência gastronômica. Só sei que pedi, comi e me deleitei.
Nunca vou saber como era a língua preparada pela minha mãe. 
Com certeza melhor, mas esta cumpriu bem sua função: 
me alegrou.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Suicide Bomber




No Hero

Estamos impressionados com sua coragem e determinação.
Você é um guerreiro. Sua força é tudo. Você vai superar esta.
Não pedi para ser role model de ninguém. Não quero dar
exemplo algum, tampouco nasci com talento para ensinar.
Esta doença me pegou e quando percebi, já se passaram
meses e eu fui tragado para dentro deste turbilhão.
Simplesmente não tenho inúmeras opções do que fazer.
Já tentei dormir e acordar achando que se tratava de um sonho.
Acordei e acredite, nem sonho nem pesadelo. Realidade.
Então, faço o que tem que ser feito: luto. Radio? Quimio?
Fisio? Reza brava? Sou herói de alguém? Adoraria trocar
de lugar. Vista você o uniforme e capa e aprenda  a voar.
Ou batalho ou espero a morte chegar. A espera é pior.
Então peleio. Por pura e simples falta de alternativas.
Acho que você faria exatamente o que faço:
o que tem que ser feito. Nem mais nem menos.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Bad to the Bone

Dentistas, empresários, novos-ricos, contadores, publici-otários,
médicos, coxinhas. Nem vou entrar no mérito deles todos
terem Harley-Davidson. A mítica é grande. Não é só a motocicleta,
e se eu tivesse que explicar você não entenderia. É a necessidade
de ser mau que eu vou entrar no mérito. O coxa-creme adquire sua
motoca e entrega ao FriendCustomizer que pela bagatela de 12 mil
dólares vai fazer algo revolucionário: pintar de preto fosco.
Para cobrar este valor obsceno, nosso customizador vai inventar
algum nome para essa simples pintura sem brilho: pintura acetinada
com polorizer triplo. Ah, agora sim. É bão colocar umas latinhas
Skull também. Elas combinam com a fivela comprada em Miami.
E com a carteira com corrente, a bota e o casaco de couro,
as camisetas de caveira (skull em inglês, novo-rico), chaveiro
e a famigerada bandana. Ainda assim você não é malvado.
Faça cara-de-mau. Assuma uma pose de brigão, de poucos amigos.
Nunca brigou? Depois você arrega, diga que seus punhos são
armas brancas portanto você não pode se meter em contendas.
Fume charutos. Encha a lata e saia apavorando, colocando a sua
vida e a dos outros em risco. Aterrorize moçoilas e velhinhas.
Agindo como um inconsequente você conseguiu. Bandidão.
Mas amanhã você volta a ser o velho e bom coxinha de sempre.

Roubei do Lord

Wow... http://www.lordofmotors.com

Explanação

Já escrevi que com esta doença, eu fiquei mais paciente, 
mais suscetível ao amor, mais carinhoso, mais sensível, mais fofinho
e vamos parar por aí. Mas conforme estou ficando mais forte,
qualidades (ou defeitos) meus estão pedindo espaço. Até tentei
suprimir, mas a ironia e a causticidade são inerentes à minha pessoa.
Perco o inimigo, mas não a piada. E que maneira mais divertida
do que falar mal de certos personagens? Nem tenho mais tanto
contra, tendo a exagerar um pouco, mas como aquela senhora
do interior, da soberania do meu sobrado falo mal da vizinhança.
Critico mesmo. Com 40 janelas, já estou bastante vivido para
tentar mudar. Telhado de vidro? Quer dar o troco e falar de mim?
Fique à vontade. Como um bom representante do povo judeu
sou doutorado em conhecer minhas fraquezas e tirar sarro delas.
Mas se quiser falar mal em inglês, aprenda o idioma primeiro.
Capicci?

HoHoHo

Não comemoro Natal. Sou judeu.
Era uma data em que me preocupava para onde iria.
Este ano não vou a lugar algum. Provavelmente
vou comer muito bem, porque estou vendo a empregada
empenhada. Mas como é uma data significativa, desejo
a todos o que desejo para mim mesmo: saúde.
Se não para dar e vender, para usufruir e ser feliz.
Feliz Natal. HoHoHo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

WOW





AssFace

Dinheiro. Dim-dim. Money. Larjan. Definitivamente
não é isto que faz a felicidade de alguém. Mas será que
é o contrário? Quanto mais bufunfa mais infeliz? Também
não, né Mansur? Pergunto isto porque as vezes você se depara
com indivíduos que simplesmente são de mal com a vida.
Claro que você também conhece. E a pessoa tem uma bela casa.
E casa de praia. Carro do ano. Saúde e filhos. Então por que?
Será que ela acha que é mais merecedora de sofrimento que
os outros? Porque se quiser ficar com meu quinhão, à vontade.
Não fui nem sou o sujeito mais alegre do mundo. Não acordo
dando bom-dia aos passarinhos. Tampouco  abraço árvores.
Mas daí a ser infeliz, é um longo caminho.
Quer saber, não sou analista e nem tenho a pretensão.
Não sei de outras vidas nem lembro de ter sido a Cleópatra.
Sei desta vida e do quão imprevisível ela pode ser.
Então, tire esta cara-de-cu da cara e tente fazer as pazes
com você mesmo. E com o mundo. O mundo pelo menos,
agradece.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Agradecido & Agraciado

Não escrevo para te agradar. Se me conhece deve saber.
Nunca fiz nada para agradar. Faço as coisas. Se agradar, ótimo.
Escrevo porque análise uma vez por semana estava se tornando
pouco. Ou simplesmente porque meu tempo ocioso aumentou
bruscamente. Não esqueçamos as limitações físicas. Enfim,
escrevo. E você lê. Agradeço. Este tem sido nosso acordo.
O mais legal deste acordo é exatamente este. Eu escrevo
e você lê. Mas o que tem se tornado mais legal ainda é o oposto.
Você lê e opina. E eu me emociono. E novamente, agradeço.
Te agradei? Ótimo. Estou aqui no Guarujá sem internet.
O tempo está ruim e a cabeça boa, então escrevo e escrevo.
Quero ver a hora de postar isso tudo. Como tento intercalar
textos com fotos sensacionais, haja fotos sensacionais.
Vou me esforçar para achá-las, prometo.
Afinal, quero te agradar…

Piu-Piu

Rolê

Contemplação

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Na Ferida

De novo? Sim. Escrevo sobre o que sei, o que sinto.
Dividir com vocês o menir que venho carregando.
Não me chamo Obelix e não caí em um barril de poção 
mágica quando criança. Natural querer aliviar o peso 
das costas, não? Finalmente parou de chover aqui 
no Guarujá e fui andar no calçadão. Segurando na Lily, 
minha cuidadora, até que deu pra vencer 1km ou coisa 
assim. Descemos na praia e fui molhar os pés no mar. 
E eis que chegamos ao primeiro tópico deste texto, 
tópico que já lhe é familiar. Dê valor as pequenas coisas. 
Andar, caminhar, passear. Molhar os pés no mar. 
Os joelhos, Mr. Umbigo e a cabeça. Mergulhar.
Pegar um jacaré. Bem ou mal. Se secar no sol. Ver e ouvir 
as ondas, enfim, coisas tão pequenas e simples que você 
nem percebe. Acha natural. Eu achava até elas não serem 
mais. You take it for granted. Pronto, chegamos ao segundo 
tópico: Valores. Ring a bell? Estava eu pensando se uso 
inglês demais. Mas tem coisas que em inglês soam mais 
verdadeiras, ou não tem tradução. Para mim ”you take it 
for granted” é uma delas. E domino o idioma bretão. 
Não ousaria opinar sobre um assunto que não tenho base. 
Tampouco usar uma língua. Não estou me exibindo,
apenas dizendo que para mim, cultura é um valor muito 
sólido e cada vez mais esquecido. Não adianta ser diretor 
de criação, empresário ou novo-rico do Alphaville. 
Não adianta ter coleção de motos ou camisas de 500 reais.
Não se você não se instruir. Constantemente. Você pode 
sair do Pelourinho. Mas o Pelourinho nunca vai sair de você. 
Dito isto, enough said.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Quote

"Life is what happens to you while
you are busy making other plans."
                               John Lennon

As Time Goes By

Minha memória não é privilegiada. Nem posso dizer que foram
os anos de abuso de drogas desenfreados. Estes anos não houveram.
A memória é ruim e pronto. E nesta ruindade, acabo sempre
lembrando dos últimos 2, 3 anos. Reveillon de 1994? Nope.
Natal de 2004? Desculpe. Mas lembro dos últimos 2 Reveillons.
Praia, Sundown 60 nas tattoos, sunga, barriga nem um pouco
proeminente, risadas, cerveja… Lembro de fazer umas flexões
de braço para acordar a musculatura. Bom-dia bíceps e tríceps.
Lembro do Projeto Morar na Praia e minhas corridas.
Estava correndo direitinho, 10, 15km pela estrada, feliz.
tranquilo, realmente em um processo evolutivo, pensando
em simplificar a vida. Porque acho que a vida pode e deve ser
isto mesmo, mais tranquila. Não estava em praias inesquecíveis.
Nem Bali, nem Caribe. Guarujá e Ubatuba mesmo.
Reveillons de 2009 e 2010. Memória ruim. Em 3 anos posso
não mais lembrar deles. O lado bom é que também
não lembrarei deste ano que passou. Ainda bem
que a minha memória não é privilegiada.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sucker Punch







http://www.suckerpunchsallys.com/

Saudosismo II

Este texto também não tem pretensão alguma. Eu tampouco.
Só senti um desejo grande de homenagear meu sobrinho
André Chulé. Primeiro sobrinho. E sou padrinho.
Imagina minha alegria. Padrinho. Não sei muito o que
este título traz, além da obrigatoriedade de bons presentes
uma remota lembrança de Marlon Brando e um orgulho grande.
Hoje (terça, 14/12) o André fez 18 anos. E suscitou um saudosismo
grande. Lembro das inúmeras vezes que fomos para o Rio, da casa
do meu irmão no Recreio, do moleque de cabelo tigelinha branco
de loiro gritando “Hey” olhando por baixo de suas pernas e caindo
na gargalhada. Ou ele correndo para a varanda da casa da minha
mãe, excitadíssimo com a proximidade de um outro avião.
Lembro de uma carona de minha mãe, onde ele soltou uma pergunta
que não tenho resposta até hoje. A caminho da agência, do alto
dos seus 3, 4 anos eis o petardo: “Você trabalha todo dia? Pra quê?”
Tomara que daqui a pouco ele consiga me responder. Ou não.
Lembro também de sua simples e vã filosofia de vida,
comum a todos enfantes: Não é justo. E eu a duras penas aprendi:
Não meu sobrinho querido, não é justo.
E depois disso, 10 anos de Canadá, várias e várias idas minhas,
vindas dele, seu inesquecível Bar-Mitzvah até ele se tornar este
super cara legal de 18 anos. O tempo passou, o orgulho aumentou
e a procura pelo presente legal começou. Qum sabe um LP do Europe…

Saudosismo

É o que este texto não pretende ser. Saudosista.
Estou eu aqui no Guarujá. Férias da quimioterapia.
E enquanto o macarrão está cozinhando, assisto uma banda na tv.
Europe. Lembram-se deles? Acho que eram suecos, músicos lindos.
cabelos impecáveis e esvoaçantes, olhos azuis, torsos delineados.
Isto há 20 e tantos anos atrás. Hoje, na tv, eles envelheceram. 
Os olhos azuis continuam lá. Mas agora na companhia de calvície,
barrigas proeminentes e anos. Bem ou mal vividos, estão lá. 
Impossível não vê-los. Não é exclusividade deles. Assim que os vi 
na tv, retornei a 1987 em Tel-Aviv. Existia um programa subsidiado 
para jovens judeus (sim, eu era jovem e judeu) conhecerem kibutz, 
catar laranjas. Se fosse para catar coquinhos, também estaria
lá. Graças a D’us sempre aproveitei muito bem as chances que 
me apareceram. Voltando ao assunto, estava lá eu em uma loja 
de vinis, (não existia cds e tenho certeza que você leitor sabe 
o que é um LP) ouvindo uma nova banda: Europe, com a bolacha 
The Final Countdown. Comprei, claro. E do lado de cá da tv,
também eram 23 anos atrás. Eu também tinha cabelos esvoaçantes
e torso delineado. Os olhos azuis vou ficar devendo.
Não sei o que Joey Tempst e seus suecos colegas 
fizeram nestes 23 anos. Eu sei o que eu fiz. E fico feliz. 
It’s the Final Countdown, We’re leaving togheter…

domingo, 12 de dezembro de 2010

Yesterday

Lembro de estar correndo no calçadão da Av. Sumaré.
Sexta, já não estava mais trabalhando em propaganda,
um trânsito absurdo e eu em paz, pensando
se eu ia morar no Rio ou Guarujá. O que fazer?
Quanta grana é necessário? Recomeçar a vida. E não porque
esta vida tinha dado errado, mas porque esta vida tinha dado.
Os motoristas irados e eu finalmente voltando à velha forma,
correndo uma hora e pouco, ouvindo rock'n'roll no ipod.
Depois um banho, uma piaddina e vários chopps no Vianna
com a Tati. Caipirinha de frutas vermelhas? Ok. A vida é doce.
Domingão chegou. Deixo a Tati dormindo com o filhote de urubu
(mais um apelido do Topek, devido a sua total falta de decoro
perante um saco de lixo) e saio sozinho. Não para fazer lobby
ou algo parecido. Eu, minha Harley e a estrada. A vida é doce.
O mais legal é voltar, horas depois e ver ambos na mesma posição,
desmaiados. E assim passava mais um domingo: só nós três, piscina,
cervejinha, algo delicioso que a Tati adorava cozinhar, passear
com o urubuzinho, Fantástico, Pânico, não ter que estar em escritório
algum segunda pela manhã. A vida é doce.
Aí vem esta doença avassaladora e a Av. Sumaré, os chopps, o Rio
ou Guarujá, a profissão, a Harley e até a Tati tem que esperar.
Olhando em retrospecto, seus anseios, problemas e dúvidas tão
relevantes em certo momento, se tornam de repente tão pequeninos.
Agora o anseio, problema e dúvida é minha saúde.
A vida tem que voltar a ser doce.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Velotrol

Tinha um destes quando era moleque.
A única diferença é que era movido à pedaladas, não um V8.

WOW


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

RáTáTáTá

Comentei já. Hoje foi a última quimioterapia do ano.
Umas férias desta violência vão cair bem.
Só não espere a esta hora da noite algum tipo de amor
ao próximo, serenidade, zen-budismo. Indubitavelmente
pós-sofrimento a amargura fala mais alto.
Geralmente quando sento para catar milhos nestes
singelos relatos, já tenho mais ou menos uma linha
de raciocínio traçada. Agora não. Precisava desabafar.
Tirar do peito mesmo. Desabafo não. Uma expectoração.
Catarro. Feio. Sujo. Rude. Violento.
Queria saber em que momento da minha vida,
tudo que me foi ensinado se tornou balela.
Blá blá blá, princípios de novo, Ol'Jones?
Sim, no fundo para mim tudo se resume a certo e errado.
Bem e mal. E estou cansado de ver o errado,
se não triunfar, passar incólume.
Então me diga, em que momento passar por cima
dos outros virou normal? Usar, sacanear, pisar, parte
do processo? Novamente caio nesta balela porque acho
que estou pagando um preço alto demais enquanto
o mundo está cheio de filhas-da-puta flanando por aí.
Inocência minha. Já deveria entender a profundidade
da frase preferida do meu sobrinho André Chulé:
"Ahh, não é justo."

Rat Fink

Spread your Wings


Estava eu indo deliberadamente tomar uma surra
de tacos de beisebol. Não lembro se é uma cena
de Cassino ou GoodFellas, mas a violência
e a sensação de dor ilustram bem o que é uma seção
de quimioterapia. A última do ano. Hip hip hurray.
E eis que tocou esta música no rádio.
E eis que fiquei emocionado.
Spread your little wings and fly away...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Moooooo

Quote

"Try not to become a man of success
but rather to become a man of value."
                                  Albert Einstein

Math

Quanto pesa um tumor de 3 centímetros no bulbo,
região inoperável do cérebro por onde passa
simplesmente tudo? Vá em frente, faça as contas...
Resposta: Sou péssimo em matemática,
mas sempre dei um jeito... Sempre.

Quote

"Kill all my demons, and my angels might die too."
                                               Tennessee Williams

David Mann is the Man