segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Gelo


Tudo vira pó, tudo derrete e se esvai pelos dedos.
      

WOW



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Metamorphosis



"Cheguei cedo hoje, apesar do trânsito de merda. Até de moto este
trânsito enche o saco.Vou pegar um café. Foda, ter que comprimentar
estes babacas, odeio. Putz, esqueci os papéis que tinha que trazer.
Também com a pentelha matraqueando logo cedo. Puta merda.
E aquele cuzão, vai chegar logo ou vai encher o saco. Filho da Puta
embaçando e atrapalhando meu trampo. Chefe de merda, trabalho
de merda, mulher de merda, dia de merda, vida de merda. Vou ver
os e-mails, punhetar um pouco nos blogs e depois começo. Só
e-mail inútil, vá se fuder. Quem foi o veado que inventou a sigla 
ASAP? As Soon As Possible My Ass. Que saco. Deixa eu ver
umas motos, umas gostosas enquanto dá. Hmpf. Foto escrota. 
Deixa eu ver o blog daquele merda. Será que já morreu? 
Se não postou nada em uma semanaé um sinal. Morreu, 
mas antes ele do que eu. Não, postagem nova, este otário 
ainda tá vivo. Falaram que tava doente, câncer punk, que nada,
o porra ainda tá aí escrevendo. Era o que faltava, agora ele é escritor.
Bom, já que tô aqui vou ler algo pra garantir meu espaço no céu".
Hmm.
"Sete horas, passou rápido hoje. Os caras foram bem engraçados 
no almoço. O chefe tava simpático, quis agilizar ao invés de 
atrapalhar. No fundo é um cara legal, só preocupado em fazer 
o dele. Até que esse trampo é legal, tanta gente desempregada. 
O tempo está show, vou pra casa como se fosse dar um rolê 
no fimdi. Passeando. Ei, quem sabe eu pegue uma massa 
e um vinho na Rotisserie e surprenda meu amor?
Como eu amo essa mulher".
      

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Tanks


    

Ok

Precoce


Esqueça os cachorros e coelhos...
    

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Topek nº 37


Quando adquiri o Topek, após um fim de namoro doentio mas que
deu certo enquanto durou, uma preocupação invadia minha alma:
O bichinho tinha que ser feliz. Como marinheiro de primeira viagem
canina, ouvi que sozinho ele podia ficar triste, depressivo, revoltado,
miserável. Não aconteceu. O tal bichinho é uma alegria só, divertido
e bem-humorado, só faz cara de triste quando quer comida. As aulas
de teatro para ele deram certo. É comovente a cara de coitado que ele
faz. Onde quero chegar com isto? Quando eu estava bom, ia com ele
umas três vezes por semana no Ibirapuera trotar. Encontrávamos meus 
amigos, amigos dele e o bicho adorava. À noite, mais um belo e longo
passeio regado a corridas e provocações mútuas na garagem. Quando
eu fiquei ruim, o Topek continuou feliz. Acabaram-se as corridas no
parque ou na garagem. Como o dono, engordou e ficou mais meigo.
Se adaptou e continua sua vidinha aprazível. Onde quero chagar
com isto? Cheguei. Não sei se posso dizer "os cachorros", mas posso
dizer "meu cachorro é adaptável". O Topek se adaptou a uma nova
realidade. Menos tempo nas ruas e parques. Mais tempo na cama
e na TV. Mais meiguice, menos molecagem. Sempre achei que
o ser humano se adapta. E a lição que estou aprendendo com
o Topek, com a doença, com o Bartolomeu é que também estou
me adaptando. Menos tempo nas ruas e parques. Mais tempo
na cama e na TV. Mais meiguice, menos molecagem.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Snack


Você já tentou comer um carrão? Um barco, casa, algo bacanudo
mesmo. Não usei figura de linguagem, é comer mesmo, cortar em
pedacinhos, colocar um molho, um tempero e mandar para dentro.
Acho que não passaria do logotipo do capô. Por mais glutão que seja,
não acho que conseguiria passar pelo motor. Por mais remédio que
estou tomando e que aumentam meu apetite e me incham, não acho
que encararia o estofado. E cinco pneuzinhos à bolonhesa? Nope.
Mas que idéia estapafúrdia é esta, Old Jones? Pirou? Bebeu?
Na na ni na ni na. O que você tem dentro. Também não estou falando
nas refeições ou nas lipos que você fez. O que você tem dentro.
É isto o que importa no final. E nem sei qual final é este. Não sei se
no final dos dias, você e Deus no momento final. Menos. O que você
vai deixar para os outros se lembrarem de você, sua herança não
monetária, a herança que vai fazer você ser lembrado como um cara
bom, simples e honesto que viu que dar, é tanto ou mais legal quanto
receber. Não sei se fui um destes homens. Posso dizer que a doença
está me fazendo perceber isto e correr (aí sim figura de linguagem já
que não consigo correr) nesta direção.
      

domingo, 18 de setembro de 2011

Resumo


O resumo deste blog.
Do amigo REI e seu blog http://hogpoa.blogspot.com/
     

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lembranças


Lembranças, reminicências, elocubrações, repetições. Já passei
por todas. E voltei. Eu voltei para as coisas que deixei. Deixei
lá atrás em um belo dia um cara todo pirilampo ganhando muitíssimo
bem em uma das maiores agências de publicidade do país. Deixei
um serelepe eu no auge da forma física se preparando para mais uma
maratona indo jantar com a mulher-maravilha: mamãe. Deixei um
todo pimpão eu singrando ruas e avenidas a bordo de sua intrépida
Harley-Davidson. Estes foram os momentos mais felizes em minha
vida? "Carpe Diem". Colha o momento. Aproveite o dia. No dia você
sabe disto ou só olhando em retrospecto? Se tem algo que aprendi
com o Bartolomeu em minha cabeça, se tem algo que aprendi neste
quase ano e meio no estaleiro e venho a repetir como um papagaio
de pirata incansável é o tal Carpe Diem. Mas no dia, todo dia,
faça o cômputo geral. Aproveitou mais, sofreu menos?
Riu mais, enervou-se menos? Ponto. Amanhã é outro dia,
o placar zera e o jogo recomeça. Não adianta achar
que lá atrás é que você poderia ter sido ou foi realmente feliz.
Não adianta olhar para o futuro e como um presidiário achar que
a tão sonhada liberdade é sinônimo de alegria, que seu dia, 
sua chance ainda está por vir. Aproveite o momento, o dia como 
se fosse o último. Clichê dos clichês, este momento, este dia 
pode ser o último mesmo. Talvez se eu não tivesse passando 
por isto tudo, acredito que estas singelas palavras teriam um peso. 
Passando eu pelo o que estou passando, acredito que estas
 palavras se tornem mais verossímeis, 
que você realmente leia e pense "Putz, é verdade". 
Eu escrevo, leio, releio e penso: Putz, é verdade.
      

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Em Frente



Não é toda vez que vou escrever, que o texto pulula em minha 
cabeça. De vez em quando, nada acontece. Será que desta vez 
acontecerá? Não escrevo para mudar o mundo. 
O seu ou o nosso, pelo menos. O meu foi mudado e o escrever 
não foi o responsável. Mais provável dizer, uma consequência, 
um prestar de contas para comigo. Mas tem os dias que a conta 
não bate. Não sei sobre o que escrever, tudo está pesado demais, 
injusto demais ou estou cansado demais. Daí não há milagre. 
Nada de conta. Nada de escrita. Hoje este não é o protocolo. 
Obriguei-me a escrever e a aritmética está sendo resolvida
na marra. Logo por mim, que sempre fui péssimo em matemática.
Acordei hoje, não fui trabalhar nem peguei a moto. Não tenho
emprego ou equilíbrio. Equilíbrio para ter um emprego ou andar 
de moto. Então peguei minha scooter elétrica que não é minha, 
mas emprestada e fui-me por calçadas afegãs até o super-mercado. 
Não comprei nada de bom, porque os vinte e tanto quilos a mais 
e a batelada de remédios não permite. Então vim para casa fazer 
contas. Prestar contas. E se não tenho mais saúde física, 
pelo menos a saúde mental está aqui para exorcizar os fantasmas. 
Com a escrita e a massa cinzenta, já mandei uns Gasparzinhos
para casa. Ainda faltam alguns para bancar o padre exorcista, 
mas prestando contas, exercitando a tabuada, vou em frente. 
Sem equilíbrio, mas em frente.
      

Japs


    

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sábado, 10 de setembro de 2011

Tributo


Sábado a noite. Não saí para balada, não fui dar um rolê de moto 
nem me embebedar. Estou vendo Roberto Carlos em Jerusalém. 
Fim de carreira? Meu, não dele, bem entendido. O cara é um índio 
véio, mas ainda é o rei. Este texto ia ser sobre os dez anos 
do atentado as torres gêmeas, os dez anos da comprovação 
da insensatez humana, mas daí o bardo começou a cantar sobre 
sua Lady Laura e tudo se esvaiu. Ah, como eu queria fazer
uma homenagem tão linda, tão única para minha mãe que tão
cedo se foi encontrar meu pai. Não caro leitor, não farei uma música
nem começarei a cantar. Quase que imediato à vontade de
homenagear minha Lady Laura, percebi que já o faço.
Todo dia ao acordar. Luto, batalho, perpetuo. Esta é minha
homenagem. À minha mãe. Ao meu pai. Aos meus irmãos.
Tios, tias, primos, amigos, vocês, Topek, eu.
E, claro; minha homenagem ao rei.
     

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Money, money, money


"Perdeu, Playboy. Tu não viajou, leu e tal? Então passa
o conhecimento pra cá, rapidinho senão vou meter bala".
Como assim, e este Rolex com diamantes incrustrados,
e esta SUV blindada do ano? E esta calça Diesel, papatinho
italiano e camisa de seda javanesa? Tudo é pó, truta. Tudo
se esvai. Carros, motos, jóias, roupas, móveis, gadgets,
eletro-eletrônicos e tudo mais. Tudo isto é tchap-tchura, mas
nada disso realmente importa. Suas experiências, conhecimentos,
valores e know-how, estes sim. Sem muito valor material,
mas um grande valor venal. Sua barriga de tanquinho pode
impressionar hoje, mas o discurso do Fidel na Plaza de la
Revolución é o que vai ficar. Como os diamantes no relógio,
incrustrado na sua memória, ajudando a lapidar seu dicernimento.
Nem lembro do relógio que usava, mas lembro do mergulho
a cinquenta e tantos metros no Caribe com meu irmão. Não lembro
que carro tinha, mas lembro do esporro do Divemaster. E mais
uma vez escrevo sobre o acumular de  conhecimento que você vai
adquirindo em conversas, livros, filmes, shows, viagens, coisas,
fatos, momentos que vão construindo seu gosto, personalidade,
opinião sobre o que você achar pertinente. Então tenha dois cofres:
Um escondido atrás de um quadro guardando suas reservas, ouros,
jóias e dólares. Outro na sua mente, completamente transponível,
escancarado esperando entrar em ação na primeira chance. 
Diamantes são perigosos de usar. Conhecimento não.
  

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Changes


Quando tinha uns dezenove aos, fiz a mochila e fui-me. Quatorze
meses depois voltei. Neste meio tempo, morei em Israel, em uma vila
beduína nas bordas do Mar Vermelho e em Londres. Visitamos
(eu e a mochila) vários países, inclusive um ou outro que nem estão
mais no mapa. Trabalhei em plantações de banana. Com inseminação
artificial de perus. Com mergulho em um dos melhores lugares
do planeta para isto e na Scotland Yard. Não fui Sherlock Holmes,
apenas exerci meus dons no bandeijão, lavando panelas. Me envolvi
com uma menina israelense e uma holandesa. Fiz amizades
ao redor do globo. Pena que a internet ainda não existia. Vi disco
voador e paisagens inacreditáveis. Museus, obras de arte,
monumentos e muito mais. Viajei de avião, no convés de um navio,
de lancha, bicicleta, camelo ou a pé. E quando estava ligando
aquela tecla mágica em direção a Índia, dei por encerrada este
capítulo da minha vida. Meu irmão iria se casar. A família
e uma ameaça de deserção falaram mais alto que gurus indianos.
E algumas semanas em casa, tentando me adaptar ao novo velho
mundo, percebi a mudança mais considerável em meu entorno.
Um semáforo novo em uma rua duas quadras de minha
casa. Esta foi a maior mudança que notei aqui por fora.
Aqui por dentro porém é que havia acontecido a mudança.
Granero alguma daria conta de tal transformação. Não é no trânsito.
A mudança é em você. Transforma você, cresce você, evolui você.
Não espere isto da CET ou de seus amigos. Espere de você.
Cultive em você. E nem é preciso uma viagem desta magnitude.
Ou uma doença desta magnitude. É preciso estar aberto e disposto
a mudanças. Mudei com a viagem. Mudei e estou em constante
mutação com a doença. Mude você também.
     

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Redondos


Aumentar a superfície de contato. A sua. Pensei naquela imagem
de uma pedra caindo na água. Vários e vários círculos concêntricos
vão se formando. Esta é a antítise de ser bitolado. Vários círculos.
Assim seu assunto não será um só. Lembro dos colegas triatletas
e maratonistas que dominavam vários assuntos: tempos, 
cronômetros, causos de provas, tipos de tênis, treinos e muito 
mais. Tem os publicitários que só falam de propaganda. 
E geralmente só falam mal. Justo publicitários que deveriam 
ter várias referências, deveriam ter opinião ou pelo menos 
algum conhecimento sobre tudo. Ou quase tudo.
Será que se reunirmos alguns ginecologistas em um almoço 
o papo será só sobre buc...enfim. Escrevo estas linhas porque 
as vezes me perguntose escrevo só sobre a doença. 
Poderia escrever sobre cinema, rock'n'roll
setentista, mergulho, comportamento, auto-ajuda, sei lá. 
Escrevo sobre a doença porque é o que me move a escrever. 
E porque tem gente que se dá ao trabalho de ler. 
Mas sei um pouco sobre coisas, sei que são
vários e vários círculos.