quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Nostalgia



Nostalgia I:
Lá pelos idos de dois mil e seis.
Último fim-de-semana antes do Reveillon.
Sete da manhã, escadaria da Gazeta e eu com
sangue nos zóio. Simulado da São Silvestre.
Não valia nada. Apenas um treino em potência
máxima. Após mais ou menos uma hora e seis
minutos, correndo extenuantemente pelos lugares
mais feios do planeta Terra, chego. Satisfeito
com o tempaço. Uma semana depois, The Real
Deal. Mas o tempo já foi feito. A lição de casa
terminada com louvores. Agora na prova de
verdade, diversão. As noivas, garçons, orelhões
e outras figuras bizarras diminuem meu tempo,
mas aumentam minha diversão.
Nostalgia II:
Dois mil e dez. Últimos momentos antes
da São Silvestre. Procurava viajar no Reveillon,
mas caso não rolasse, participava desta prova
tradicional com o maior prazer. Mas neste ano,
fico em São Palo e não viajo. Ao invés, choro
copiosamente. Estou sem correr, estou com
grande dificuldade de andar. Estou doente,
sentado à televisão, passivo, apenas assistindo.
Resumo:
A Nostalgia pode ser perigosa. A tendência
é lembrar da primera e suprimir a segunda.
Mas a segunda, os momentos ruins, as péssimas
lembranças caminham, ou correm, juntas,
de mãos dadas, abraçadinhas.
Conclusão:
Acorde, tome uma boa ducha e aproveite o dia.
      

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

sábado, 24 de dezembro de 2011

Time


Mais um ano que se passa, mais um ano se passou.
Já não tenho a mesma idade, apodreço na cidade.
Mudei a letra. Achei mais propícia. Mas vivo te
enganando. Este texto não é sobre minha situação
periclitante. Nem sobre o rock feito pelo Ira! nos
anos 80 ou 90. O texto nada mais é do que sobre
o passar do tempo. E ele passa. Quando você está
tendo momentos agradáveis, o tempo voa. Quando
os momentos terríveis, a sensação é que ele se arrasta.
Mas tecnicamente, os dois passam exatamete iguais.
Não há um relógio para bons momentos e um para
maus. O tempo corre igual. Ou se você preferir, voa.
As suas férias de um mês no Caribe foram tão boas,
passaram em um estalar de dedos. Sua lua-de-mel.
Seus primeiros anos no novo emprego. Voaram.
Mas os quase dois anos em que me encontro avariado,
também passaram rápido. Em um lampejar,
em uma piscadela. E aí que chego a esta conclusão:
O tempo é um só, a vida é uma só. Não tem rápido
ou devagar, tem não deixar o tempo se esvair nos
seus dedos à toa. Não desperdice, não perca tempo
achando que deveria. Ou poderia. Faça. Aja.
Exatamente agora.
       

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Trilha-Sonora

                

Torta

     

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Presente


Natal. Hohoho. Ano novo. Festas, comemorações,
celebrações. Festas da família. Do pessoal da
academia. Da pelada. Ah, festa da firma.
O indefectível amigo-secreto. Por mais que não
capriche, você dá um presente legal e ganha
uma merda. Batata. Isto não é amigo-secreto.
No máximo, colegas-da-firma-que-tem-mal-gosto-
secreto. Ah, amigo-secreto é o cara que era seu
amigo, chapa, truta, brother, mas que com
o advento da doença, sumiu. Até veio no começo,
garantiu seu lugar no céu e depois pegou a sujeira,
e jogou embaixo do tapete. Não, com certeza o
ocultismo destes não constitui um amigo-oculto.
Constitui em um truta-que-ao-primeiro-sinal-de-
problema-some. Amigo-secreto é outra coisa.
O cara. Os caras. Os poucos e bons. Os que não
fazem barulho. Os que querem bem, que ajudam
doando quer tempo, quer dinheiro, quer rezas,
quer pensamento positivo. É a mulher que acorda
de madrugada para levar uma menina doente
e desconhecida ao hospital e que vi no Jornal
Nacional. Ou os voluntários que estão por aí.
Em hospitais para crianças com as doenças mais
injustas o possível. Ou os amigos que teimam
em não te abandonar nunca. Ou alguns membros
da família. Tios. Primos. Irmãos ou irmãs.
Sobrinhos. Ou até sua ex-mulher. Esta, para mim,
sim é a verdadeira designação de amigo-secreto
Ah, segundo o Ibope, 67% dos voluntários
trabalham. Também vi no Jornal Nacional.
Encorajou-se?
       

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Raiva


Tem dias que simplesmente eu deveria ficar longe.
Escrever? Nem pensar. De lambuja, o computador
poderia me deixar navegar na internet. E olha lá.
"Eu compactuar com estas idéias subversivas? Nem
pensar" pensaria o computador antes de dar pau
ao menor sinal da abertura do word. "Quando você
estiver mais sereno eu deixo, hoje melhor ver TV".
Mas me aproveitando desta fraqueza cibernética,
entrei no word e expeli este texto purulento.
Por que coisas ruins acontecem a pessoas boas?
Por que me encontro nesta situação? Por que?
Por que? Por que? Poderia achar duzentas e trinta
e quatro boas e críveis respostas: porque Deus quis
assim, porque não tenho fé o suficiente, porque eu
era amargurado, porque, porque, porque. Posso
achar mais e mais respostas, mas nenhuma vai
resolver, aliviar ou extirpar meu problema.
Fui premiado com o azar grande. Dura,
mas pura verdade. Falei? O computador deveria
ficar longe de mim. Mas enquanto limpava meu
organismo destes pensamentos contaminados
surgiu uma palavra que se não é a resposta,
é um meio para justificar o fim. É um caminho
para um local que não existe mapas, uma colher
em um restaurante só de sopa. Vem cá, meu útil
e fiel escudeiro computador, deixa-me digitar
mais estas singelas palavras. Tentar achar uma
resposta é a mais simples besteira que posso fazer.
Simples e pueril onanismo que não vai ajudar em
nada, apenas me afastar deste caminho, deste
computador. Sim, vou falar. Agora. Ao invés
de porques, tenho que me concentrar no que
tenho feito e ainda tenho muito o que fazer: lutar.
Pronto, acalmei. Olá word, olá computadorzinho.
       

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

domingo, 11 de dezembro de 2011

Elvis

      

À Favor


Porta-luvas em motocicletas.
Eu aprovo esta idéia.
      

Homenagem



O Ricardo meu amigo botou o avô no braço.
Homenageio aqui a bela homenagem.
    

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Luz


Não sei a proporção. Nem sei se há uma. Se precisa
haver. Sempre acreditei na humanidade, mas antes
do Bartô, ocultava, permitia o rancôr e mau- humor
prevalecer. Mas agora vejo com muito mais
clareza, o bem. Para cada xiz pessoas ruins, tem xiz
xiz pessoas boas. Só são mais discretas. Não gostam 
de alarde, não precisam se gabar. Repare, o ruim é
mais barulhento, mais efusivo. O bom está lá, no
seu canto, silencioso, sereno. Quem ajuda, não está
nisto pelas luzes da ribalta, está porque sente
necessidade de ajudar. E quando você está em uma
situação onde dar é mais difícil do que receber, você
vê isto com mais nitidez. As vezes chega a ser injusto
você receber tanto e dar tão menos em troca. Você
realmente percebe que dar sem receber ou sem
almejar nada em troca é extremamente reconfortante.
Não é difícil ser bom. Faz bem. E um pouquinho pode
não mudar o mundo, mas pode mudar o seu mundo.
Não é preciso dez mil metros quadrados de luz
para iluminar dez mil metros quadrados de escuridão.
Com uma vela, você ilumina uma caverna.
      

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Suor


Inspiração. Talento. Antes os textos pululavam
na minha cabeça feito hamsters em óleo fervente.
Era sentar e psicografá-los. Agora não.
Necessitam um pouco mais de labuta. E o que isto
me faz perceber? Até existe talento e inspiração.
Mas dez porcento de inspiração e noventa de
transpiração. Quanto mais você praticar, melhor vai
ficar, independe se é escrever, jogar boliche ou tocar
oboé. Acho que foi Royce Gracie do clã dos Gracie,
que após ganhar mais uma luta de um torneio de
ultimate fighting alcunhou a frase "Engraçado, quanto
mais eu treino mais sortudo eu fico". Quer deixar
de preconceito? Um lutador pode muito bem ter
um lampejo de brilhantismo. Entendeu como ficar
mais sortudo? Senta estas nádegas flácidas e pau
na máquina.
        

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Pré


Brancos que odeiam pretos. Amarelos contra amarelos.
Negros que não suportam o azedume branco. Negro.
Preto. Negão. Nigga. Tição. Gay, viado, bicha, fruta,
boiola, baitola, biba. Lésbica, cola velcro, motorista
de caminhão, vagabunda. Mulato. Mameluco.
Nordestino. Cabeça chata, baiano, baiano de merda.
Ignorante, analfabeto, burro. Pobre. Favelado. Bandido.
Riquinho. Mauricinho, filhinho de papai. Árabe.
Palestino. Terrorista. Tatuado, vagabundo,
delinqüente, maconheiro, drogado. Judeu.
Judeu mão-de-vaca. Miserável, sovina, avarento.
Índios em pé-de-guerra contra caras-pálidas. Gordo.
Fatso, baleia, escroto. Anão. Pintor de rodapé.
Salva-vidas de aquário. Albino desastre da natureza.
Feio, bobo e chato. Mas no fim do dia, todos se
despem de seus preconceitos e vão ao banheiro igual.
Pum igual. Xixi, cocô iguais. E ao morrer, pó igual.