Talvez pela morte prematura de meu pai, desde cedo
o que mais primei foi pela minha independência.
Tinha bronquite. Lembro que o processo de cura
começou em um sábado chuvoso, o pulmão chiando
e a piscina gelada. Curei a bronquite e virei atleta assim.
Sozinho. Aos 12, 13 andava por esta cidade de cabo
a rabo livre, leve e solto. Aos 20 já tinha morado fora
por mais de ano, rodado a Europa e Oriente Médio
e pego o trem da morte. Aos 20 e poucos, quando
comuniquei minha mãe que ia saltar de pára-quedas
ouvi um cândido comentário: Leve agasalho.
Independência. Esta sempre foi a palavra de ordem.
Independência financeira, independência emocional,
independência, independência, independência.
E então fui acometido por esta doença.
Nem em meu pesadelo mais sórdido imaginava
o que estava para acontecer: fui me tornando dependente.
Dependo de um cuidador para ir ao banheiro sem
me estatelar no chão, dependo do amor e ajuda de
meus tios e acima de tudo da dedicação, amor e suporte
dos meus irmãos. Ok, entendi que eles não fazem isso
por obrigação mas por amor, entendi que eu faria
por eles a mesma coisa, entendi que eu não tenho culpa.
Não refresca. Estou dependente e é fato.
Mas nunca fui nem quero ser.
Portanto, não tenho opção.
Independência ou? Independência.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Somos de uma forma ou de outra eternamente dependentes uns dos outros meu querido, a independencia é boa, mas é de longe muito menor e mais fraca do que a dependencia, essa sim anda lado a lado do amor!
Postar um comentário