sábado, 7 de abril de 2012

Vigor


É juventude, após um longo período estou de volta.
Passei um período no estaleiro. Desenganado. Achei
que não voltava. Me despedi do meu bichinho. Escrevendo
assim as palavras não parecem tão fortes, bombadas, mas
simplesmente achei que minha hora havia chegado. Veja bem,
já estava eu lá pedindo uma tanquila partida e o  mal estar
permanecia. Como posso planejar uma partida serena se com
este mal estar nada fica bom? Não é para ser  assim. O bem
estar tem que me levitar. Foi quando percebi o perceptível.
Não vou embora, não devo ir embora e não quero me ir.
Indelével. Vou ficar mais um pouco. Lutando. Prevalescendo.
Nem tão firme, nem tão forte. Vivido. Indelével.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Cores


O sábado nasceu lindo. Céu de almirante, nem uma nuvem
solitária a procurar companhia. Acordo bem cedo. Passeio
frugal com o Topek. Xixi e cocô. Ambos fazem os dois.
Ducha rápida, jeans e camiseta. Nao, não vou mais fazer um
treino infindável para maratonas, Não corro maratonas, corro
para manter a forma. Também ando de moto. Não corro para
manter a forma. Sou tiozinho e responsável. Engulo um suco,
coloco o casaco de couro e saio, sem antes dar um último
afago no bichinho. Vou para o sub-solo onde ela me espera.
Pronta e perfeita. Linda. Tinindo. Sento, solto algumas
palavras de carinho, coloco as luvas e a ligo. Imediatamente
ela retribui as palavras de carinho. Em alto e bom som.
Alguns diriam altíssimo som. Saio e sinto aquele friozinho
típico de uma manhã de outono. Mas com o casaco e as
luvas de couro de veado (o couro) estou protegido.
Encontro meu amigo Eduardo Di Lascio, também tiozinho.
Veja bem, para mim este impropério é um elogio. Pontual,
consciente, confiável, comportado. Este é o tiozinho, o amigo
perfeito para se andar de moto. Ou conversar sobre a vida
(acrescente "inteligente" à definição). E lá vamos nós.
Marginal Pinheiros, Tietê, estrada dos Bandeirantes.
Curvas, retas, eu e minha máquina nos tonando uma coisa só.
Difícil dizer onde acaba o piloto, onde começa a motocicleta.
Ah, a tal liberdade é isto?
Não, Liberdade é um bairro de São Paulo.
Isto é prazer e prazer é o que colore a vida.
O sábado nasceu lindo. Céu de almirante, nem uma nuvem
solitária a procurar companhia. Acordo bem tarde.
Não passeio com o Topek nem ligo minha Harley-Davidson.
O máximo de simbiose entre homem e máquina sou eu
e minha cadeira-de-rodas. A ducha não é tão rápida nem
o suco. Saio com o Arnaldo Nana Dratwa e meus sobrinhos.
Rio com eles e como algum prato delicioso em um restaurante
delicioso. Depois disto, um cineminha e depois umas visitas,
amor e mais carinho. Isto é liberdade? Não, são novos prazeres
que a vida me apresentava e agora vejo com novos olhos.
Podem ainda não ser tão coloridos, mas aos poucos
acrescento novos tons.
      

Ana Lanches


      

quinta-feira, 15 de março de 2012

terça-feira, 13 de março de 2012

quinta-feira, 8 de março de 2012

Missa a 1/2


Fui a missa de sétimo dia do amigo Francesco. Sei, estas
coisas não se bradam por aí, você apenas faz e pronto.
Mas senti necessidade de escrever e ponto. Francesco
sucumbiu à luta contra o câncer. Nos seus últimos tempos
ele falava bastante de mim a sua esposa que queria me
conhecer. Não éramos próximos. Apenas dois apaixonados
pelo mundo Harley-Davidson. Na última vez que o vi,
estava ele comandando as grelhas. Era um churrasco
na oficina de outros amantes da Harley. Lá estava ele
e sua indefectível máquina vermelha e preta. Apenas
muito, muito magro, o intrépido italiano todo alegria
e sorriso ficou mais feliz ao me ver. O amargurado aqui,
ao ver tanto bom astral emanando, ficou chateado que todos
se curavam desta doença, menos, é claro, o azaradão que
vos escreve. Envolto em minha própria batalha diária,
não mais falei com ninguém. Qual não foi minha surpresa
semana passada, quando recebi um e-mail do dono
da oficina dizendo "Hoje falei com a esposa do Francesco
e ele não está nada bem, está internado e sedado, ela
me perguntou quem é o amigo Claudinho de quem ele
tanto fala". O Claudinho que ele tanto fala ficou acabado
ao saber de seu falecimento. Como se ele estava curado?
Estava curado em minha cabeça, onde está bem quem anda
a pé ou de moto. Vaidade minha. Vaidade estúpida. Só
porque estou debilitado fisicamente não me credencia a
coitadinho do ano. Ainda estou aqui. Ainda estou lutando.
O Francesco não teve isto. Fui a missa não por vaidade
ou para te contar. Fui por vergonha, arrependimento
do pensamento errado, por descobrir que não sou o centro
do universo. Fui porque dar é melhor que receber, e queria
dar uma força à esposa do amigo. Foi assim que aprendi
mais uma lição. Francesco, descanse. Não sei ainda quando,
mas como todos vão, um dia a gente se encontra
nas estradas do céu. Alessandra, pena nos conhecermos
em um momento tão difícil. Seja forte.  
          

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Maior Abandonado


Feche as livrarias. Ignore as bancas de jornal. Boicote
os gratuitos jornais de esquina. Esqueça a Internet.
Nada mais que possa ser escrito importa. Nada.
Nem aquele último livro do seu escritor preferido.
Não gosta de ler? Nem se preocupe em começar.
Nada do que eu escrevo vale a pena. Que pena. Ilusão minha
me comparar ao seu escritor preferido. Ilusão minha achar
que você me lê. Ilusão minha achar que alguém me lê.
Sim, estou com minha baixo-estima baixa. E nem é porque
estou dodói, inchado ou fazendo uso de uma cadeira de rodas
para locomoção. Ou pela falta de equilíbrio. Ando pior que
o bêbado mais bêbado e sequer tomei um chopp. Ah que
saudade, nem um só. Nem é a presença constante da minha
querida cuidadora Ana que procura evitar impossíveis tombos
de se tornarem possíveis. Minha baixo-estima baixa é
por causa destas singelas linhas. Nem por causa delas, mas
por causa da minhas singelas linhas no geral. Por causa do
blog. Do Old Jones. Prazer, pode me chamar de Claudio.
Claudinho? Ok. Entre e fique à vontade. O blog começou
com a coisa que mais gostava na vida: Harleys-Davidson.
Conforme a doença ia mostrando seus pegajosos tentáculos,
o blog foi mudando para o que realmente mais gosto na vida:
a vida. Escrever para mim se tornou uma super válvula de
escape. Mas como ainda pertenço a raça humana, sou
vaidoso. E descobri que gosto de ser lido. Mas não tenho
como saber quantos me lêem. O seguidor de ontem pode
ter desviado no meio do caminho e o de hoje, pode ser
tímido e prefere se abster. Mas faz diferença. Deixa-me
feliz. Não estou só nesta batalha. Escrevendo, opinando,
marcando presença você participa comigo nesta caminhada.
Nesta ode à vida preciso de você. O caminho é tortuoso,
mas me ajude. Comente. Não me abandone.
          

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

R.I.P. Francesco


O amigo Francesco sucumbiu na luta contra o câncer.
Cada um envolvido em sua própria guerra, não conversamos
o quanto deveríamos nesses últimos tempos. Italiano bonachão
e divertido, já deve estar descontraindo o ambiente lá em cima...
           

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

UAU!


A sabedoria é univeral.
      

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

UAU!

           

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Los Hermanitos



Clichê dos clichês: Nada de bom passava na televisão. Não fui
planejado. Oito anos depois do meu irmão do meio eu apareci.
Onze anos separavam o temporão aqui do meu irmão mais velho.
Mas ao contrário do Arnaldo, o tal do meio, não fui objeto de
barganha. Sérgio, o tal mais velho tentou trocar meu querido irmão
apenas 3 anos mais novo que ele por um trem. Mas até dá para
entender: O tal trem assobiava várias melodias. Ao contrário
do desafinado Arnaldo. Talvez e provavelmente pelo lapso
temporal, o temporão que vos fala foi mimado. Admito.
Mas assim como os tais irmãos, aprendi direitinho o que é ser
sangue do mesmo sangue. Aprendi a ser amigo, a ser brother.
Aprendi que um irmão desafinado é bem mais bacana que um
trenzinho. Pela diferença de idade, eles me ajudaram bastante.
Abriram caminho e asfaltaram as pistas. Assim, nada era
perigoso demais, inconsequente demais ou maluco demais.
Aos treze: "Mãe, vou no show do Kiss, de ônibus".
Aos dezenove: "Mãe, vou ser voluntário no kibutz em Israel,
trabalhar e mergulhar um tempo no Egito, depois devo pegar
um navio para Europa, dormindo no deck é claro, viajar por
lá e por último, devo ficar uns quatro meses lavando panelas
ou algo parecido em Londres". Só nisto eu não pude seguir
os passos do mais velho Sérgio: Ele foi impedido de entrar
em terras britânicas. Sua aparência em geral e barba em
particular assustaram os súditos da rainha. O Arnaldo
também foi passar um ano fora. Mergulhamos com tubarão.
Fomos algumas vezes mergulhar no Caribe. Viajamos
e ficamos uma semana à bordo de um barco, em Abrolhos.
E com o Sérgio, atravessei o Canadá. Sua família, ele e eu
em uma Kombi com camas e cozinha. Enfim, graças a eles
pude fazer tudo. Me ensinaram a aproveitar todas as
oportunidades. E aproveitei. Brigamos, é lógico. Fui
adolescente e chato. Mas aprendi cedo o que é ser do
mesmo sangue. O que é tomar um tiro por alguém.
E nesta minha hora difícil, eles tem tomado uma saraivada
de balas com o meu nome na ponta. Desnecessário
escrever sobre tais petardos. Desnecessário dizer o quanto
mais próximos estamos. Aí vejo e fico sabendo de brigas
entre irmãos e fico chocado. Esqueça o sangue, dane-se
os laços. Viva a ganância, o poder, a grana. Irmãos que
se odeiam, brigam, se matam. Quse sempre o motivo é o
mesmo: dim-dim. Não tenho dúvida que se tivesse uma
vacina com minha cura, custasse o que custasse, meus
irmãos iam fazer qustão de dividir. Tem irmão? irmãos?
São seu sangue,  tome conta. Lutem juntos. Como papai
e mamãe diriam: "sem brigas, meninos, sem brigas".
          

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Harley-Davidson Advertising


De já vi, mas está aqui.
             

sábado, 11 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Coronel Steve Austin


O Homem de 6 Milhões de Dólares.
        

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Limonada


Blá, blá,blá. Já escrevi algo parecido mas não lembro
de obrigar ninguém a ler nada. Não tenho arma e não
apontei nenhuma para a cabeça dos leitores. Aliás, nem
sei quantos leitores tenho. Sei quantos escritores sou
e sei que como escritor-leitor, me beneficio com estas
frequentes escarradas literárias. Alivia minha raiva
pacífica de estar onde estou, como estou, pelo tempo
que estou. Além do que, minhas opções do que fazer
são um tanto limitadas. Não consigo jogar basquete
contra os Harlem Globetrotters ou dançar a polka
com o Terceiro Regimento Naval da Polônia.
Também não quero. Ou seja, continuo não fazendo
o que não quero. Nada mudou? Aparentemente.
Mas mudou sim, algo radical. Não faço o que quero.
Não posso ter planos a não ser que lutar pela vida
seja um plano. Para mim, é o maior de todos.
Mas mudar de emprego, pedir um aumento, imagina.
Finalmente levar um relacionamento a sério,
tomar jeito e casar, haha, sonho meu. Viajar? Correr?
Dar um rolê de moto? Brincar com o Topek? Pfffffff.
Quer saber? O tempo passa, estou mais resignado
e quero continuar a viver. Não vou poder fazer coisas?
Foda-se. Vou ter que ter ajuda constante? Foda-se.
Vou ter que usar uma cadeira de rodas? Foda-se.
Um sofá de rodas? Foda-se. Foda-se e foda-se. Não
é revolta, poderia tentar achar um culpado, ficar puto,
brigar com Deus. Nada adianta. Ou melhor, nada disto
adianta. Não me arrependo de nada, já fiz bastante coisas,
e se agora os limões são estes, vou tentar fazer a melhor
limonada que puder. Está azeda? Estou docinho?