Meu pai morreu muito cedo. Nos meus cinco anos ele se foi.
Nos cinqüenta dele. Muito cedo. Seus pais se foram. Seus irmãos
se foram. Sua mulher se foi. Sua irmã veio aqui hoje. Minha tia,
único bastião vivo da família de meu pai. Setenta e quatro anos.
E por mais floreada ou romanceada possa ser remota lembrança,
qualquer casquinha que ela me dê é saborosíssima. Não vou
relatar agora alguma destas memórias. De como meu pai sobreviveu
aos campos, à guerra. De como ele foi parar na antiga Palestina ou
de como perdeu um pedaço de dedo graças a uma granada na guerra
de independência de Israel, em 1948. De como sua família ficou
alguns bons anos sem uma notícia, sem saber se estava vivo ou não.
Nem do carinho que a irmã caçula do meu pai tem pelo filho caçula
do meu pai. Relatarei sobre o que minha tia aprendeu ao longo de sua
atribulada vida. Relatarei sobre a mesma coisa que aprendi ao longo
de minha atribulada vida. Ao final de delicioso almoço regado
à Frango ao Curry minha querida tia proferiu que depois de altos
e baixos que a vida nos apresenta, depois de uma montanha-russa
financeira, depois de uma roda gigantes de emoções, um turbilhão
de sensações, dá para ser feliz com menos. Menos dinheiro, menos
preocupações, atribulações. Ela descobriu isto aos setenta e quatro
e menos grana. Eu descobri isto aos quarenta e menos saúde.
Descobri que o que importa é descobrir.
Um comentário:
O serumano começa a vive só depois dos 30,40 ou 60 não e a quantidade e sim a qualidade,o mas importante não e o começo e sim o recomeço poque trás experiência :Então siga em frente nas suas descobertas bjs
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