sábado, 6 de agosto de 2011

Buraco


Não sou fumante. Mas vamos lá. Você é. E desce do décimo
terceiro andar pra pitar um cigarro. Proibiram em local fechado,
lembra? Mas os que proibiram não colocaram mais lixeiras nas
ruas e você joga a guimba na calçada. Soma-se várias e várias
bitucas, uma tempestade, bueiros sujos e temos a crônica
de uma tragédia anunciada. A culpa da enchente é de quem
então? O buraco é mais embaixo. Nego compra uma Porche
primeiro porque pode, segundo porque deve gostar de velocidade.
E parece que à milhão em uma rua residencial, matou uma
menina. Mas parece que a menina passou no farol vermelho.
Quem pára em um farol na madrugada perigosa desta cidade
perigosa? Não sei de quem foi a culpa. Sei que o buraco é mais
embaixo. E a menina que atropelou, matou um cara no meio
da calçada na madruga de um bairro cheio de bares, capotou
seu tanque blindado e se recusou a fazer o teste do bafômetro?
E o ciclista dono de uma fábrica de chuveiros atropelado por
um ônibus ou o motorista que brincou de boliche com um grupo
de também ciclistas? Acertou em cheio. Strike! De quem
é a culpa? Do egoísmo que transforma cada indivíduo
desta cidade doentia em uma bomba-relógio pronta a explodir?
Da impunidade que faz um assassino covarde e confesso que
atirou à queima-roupa nas costas da namorada ficar solto?
Não sei. Sei que o buraco é mais embaixo mas está ampliando
em muito sua circunferência. Só sei que está ficando fácil.
Quer matar alguém? Não compre uma pistola ou um taco
de beisebol. Nem precisa pagar uma grana para um policial
corrupto. Pegue um carro e encha a cara. Daí, é só mirar.
      

Um comentário:

as pandoras disse...

uau:essa e demas,dissi tudo bejos