quarta-feira, 6 de abril de 2011

Jackpot!


Comecei cedo na propaganda. Saí cedo também. No primeiro
festival de Cannes em que estava na agência, meu único anúncio
ganhou todos prêmios possíveis e imagináveis, o que achei
estranho, porque como nunca lambi invólucros escrotais, ele
não foi inscrito. Ganhou até como melhor filme, mesmo sendo
um anúncio de revista. Mas nem foi por isso que deixei de ser
um publici-otário. Ganhei sozinho o maior prêmio pago pela loteria
esportiva em todos tempos. Também não joguei. Não tinha bilhete
premiado mas mesmo assim insistiram em pagar. Ganhei na loteria
inglesa também. Também não joguei. Comprei uma casa nababesca
em Miami. Indo para lá, meu jatinho caiu em mar aberto.
Infelizmente minha equipe padeceu no incidente. Eu,
milagrosamente não sofri nada. Um arranhão sequer. Nem quando
o barco de mergulho foi a pique em um mar infecto por tubarões
brancos famintos. Por mais responsável e careta que sou, devo
admitir que em algumas situações tomei várias doses e andei
em uma das motos de minha coleção. Tenho valores
e consciência, esqueceu? Não misturo álcool e veículos.
E mesmo com esta imaturidade e irresponsabilidade, não caí,
não atropelei mocinhas ou velhinhas e não me envolvi
em acidente de nenhum tipo. Em uma das maratonas
que corri, a Nike me ofereceu um contrato vitalício.
Gostaram de mim, disseram eles. A Reebok também.
E a Puma, Ascis e New Balance. Estive no World Trade Center
em Nova York um dia antes do atentado. Meia hora antes
do tsunami deixei Fukushima. E o Japão.

Agora pegue esta sorte toda e transforme em azar. Jackpot.
     

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