quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Filho da Praia


Este texto seria outro. Iria ser mais triste, mais pesado.
365 dias. Um ano atrás estava aqui, neste mesmo apartamento,
neste mesmo lugar. Praia das Astúrias, Guarujá. Tinha acabado
de chegar de Ubatuba, onde depois da Tati voltar para trabalhar
fiquei mais uma semaninha em uma pousada de frente para
o mar. Em 15 dias iria visitar a família no inverno canadense
e como não cumpria mais pena em agências resolvi trabalhar
na minha forma física e bronzeado. Guarujá, estou indo.
Eu e o Topek. Nunca tive problema de fazer as coisas sozinho.
Me dou bem comigo mesmo. Fora que o Totó é melhor
e mais legal que muita gente. Falta a ele a vontade de conversas
mais elaboradas. Acordava, ia correr com o bichinho, café,
praia, mar, livro, soneca e etc. Vi que só o discurso não mais
bastava. Teria que ir embora deste manicômio de nome São Paulo.
Corta. Um ano depois estou aqui, na praia. E este texto iria ser
mais rancoroso porque não estou como quero. Mas em plena
quinta-feira, estou aqui na varanda do 12º andar, debruçado
sobre o mar, escrevendo. Antes, estava sentado na praia,
ouvindo Bad Company, tomando sol. Tomei um banho de mar
na beira, de balde, dei uma caminhada com o Topek e a Lilly.
Ah, e comi uma salada digna dos melhores restaurantes.
Shitake, aspargos e palmitos estavam presentes.
Graças a D’us posso. A vida que era doce, tem de voltar
a ser. Só tenho que me acostumar com o gosto artificial
do adoçante.

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