terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Freak Show


Vou colocar em um mesmo texto um símio, reflexos
e dinheiro. Tomara que dê certo. A Monga foi um rito
de passagem. Lembra? em um parque de diversões
uma mulher bem mais ou menos, de biquíni vira
um cara em uma fantasia vagabunda de gorila através
de uma trucagem barata de espelhos. Quando moleque,
ficava apavorado. Depois, já adolescente você espera
a transformação e fica lá dentro para tretar com o gorilla.
Lembro do macaco implorar por seu emprego. E eis
que a participação do símio se encerra aqui. No mesmo
parque, tinha a casa dos espelhos. Nada mais era do que
uns espelhos que distorciam totalmente a imagem. Deste
você lembra? Pois é. Pra mim hoje em dia todos espelhos
vem desta casa. Estou sempre inchado, distorcido,
ensaiando caretas. Pacientes em tratamento quimioterápico
geralmente emagrecem. Definham, até. Eu sou do contra.
Inflei. Engordei uns 14 quilos. Ainda bem que meu cabelo
voltou a crescer. Antes eu parecia uma aberração careca.
Agora, depois de tomar um solzinho, deixar o cabelo
crescer e emagrecer algumas gramas, pareço só uma
aberração com entradas. Digna de um parque de diversões
mesmo. Mas isto nem me preocupa tanto. Se o desafio
fosse só ficar em forma, o encontro romântico com
a Monga já estaria garantido. Preciso ficar bom antes.
Ok, e o dinheiro? Seis milhões de dólares. Foi essa quantia
que a Nasa investiu para salvar o Coronel Steve Austin.
Interpretado por Lee Majors e mais um personagem
que habita um cômodo inútil do meu intelecto, ao homem
de seis milhões  de dólares foram implantadas duas pernas,
um braço e um olho. Todos biônicos. Todos estes membros
davam uma força, uma velocidade e uma visão
extraordinárias ao ex-astronauta, Não preciso das duas pernas.
Fico com uma, o braço e o olho. A força, velocidade
e visão não precisam ser biônicas. Podem ser apenas
funcionais. E ai, de seis milhões, dá para fazer quanto?
A este panteão de aberrações, pensei em acrescentar 
Frankstein. O açougueiro neurocirurgião deixou em meu
pescoço uma cicatriz digna do monstro criado por Mary
Shelley. Acho que porque o caso perdido aqui precisaria
de tudo, reza brava e o escambau menos uma
nuca harmoniosa, Frank, você fica de fora. Contigo,
seria muita concorrência, né não Monguinha?

Um comentário:

only 2 wheels disse...

Voce seria um montro estilo Eddy Roth....kkkk... Saudades dos seus textos, voce é foda.....