segunda-feira, 30 de maio de 2011

GODzilla


Impossível dizer que sou o mesmo cara. Houve um Tsunami
em minha vida. Os efeitos da onda gigante ainda estão aqui.
Importunando, atrapalhando a tendêcia da marola de se dissipar.
Esvanecer no ar. No etéreo. Os Ultramen e Ultraseven de plantão
estão em uma incessante peleja contra Godzilla. Destruiu o Japão.
Dizimou Tóquio. Paciência. Não dá para fingir. Não é um seriado
japonês dos anos setenta. Está acontecendo. Aconteceu comigo.
Além de destruir tal atróz e voraz monstro, planos para
a reconstrução já começam a figurar na pauta. Tóquio antes de
Godzilla era uma cidade fulgurante. Aluscinante. Chicago
foi arrasada por uma vaquinha piromaníaca. Ainda assim,
arquitetos arregaçaram as mangas e reconstruíram uma
bela cidade. Sou  a confluência de tudo. Sou cidade arrasada,
monstro e herói, bandido e mocinho, criador e criatura.
Não venci a doença (ainda!) para fazer a trágica contagem
de mortos e feridos. Tudo ao mesmo tempo. Trato a doença
fazendo quimioterapia, recolho escombros na fisioterapia,
começo progressos arqueológicos na terapia ocupacional.
A mente, mantenho quieta, a espinha ereta e o coração
tranquilo. Tóquio vai voltar a fazer parte do mapa.


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