segunda-feira, 23 de maio de 2011

Financial Times


Não sei se é a cidade grande, ou se é a quantidade de coisas,
produtos ou como somos compilados a olhar só e somente para
nossos umbigos. A realidade é que por algum motivo destes,
por todos eles ou algum outro que a minha vã filosofia desconhece,
o fato é que nos tornamos nisto. Fúteis. Vazios. Descartáveis.
O bronzeado nos braços definidos, o decote que insinua os peitos
bem delineados em uma boa academia, por um personnal trainer
ou um fantástico cirurgião plástico. A calça jeans de quatro dígitos,
o relógio que poderia pagar o sustento de uma família na Namíbia,
o automóvel do ano que ainda nem chegou, o que quer que seja para
mesurar o quão legal, bacana ou bem sucedido você é.
Não, não é o Fidel Castro conclamando uma sociedade equalitária.
Não tenho raiva dos porcos capitalistas. Viva o Mickey Mouse.
Fui para a Disney algumas vezes e D'us queira que eu repita as doses.
Tenho calças Diesel compradas em uma Sale em Amsterdam, não
sou um comuna devorador de criancinhas. O perigo, é esquecer
do resto. Pensar só em sua carreira, mas e seus amigos? Você acha
que seus pais vão durar para sempre? Que para eles a blindagem
do seu carro é mais valiosa que aquela lazanha de domigão?
Não é demagogia, mais do que ninguém quero o bronzeado,
meus braços definidos, minhas calças com caimento perfeito e
a segurança para singrar por aí à bordo de minha Harley-Davidson.
Mas não vou nem devo esquecer que os amigos não me querem
ver pelo carro que eu tinha, tenho ou possa vir a ter.
Meus sobrinhos não estão interessados no meu relógio.
E definitivamente as amigas não vem aqui atrás de um decote
que insinua peitos bem delineados. Ontem veio bem de longe
um amigo de infância do meu irmão, onze anos mais velho.
Ele que me conhece de molequinho veio aqui medir, esmiuçar,
xeretar não meus assets financeiros, mas meu progresso perante
esta terrível doença. Parece que saiu daqui bem satisfeito.
E antes que eu acabe este texto, minha cuidadora falou que mês
que vem é o aniversário do filho dela. Ela quer fazer algo diferente.
Ir ao cinema com o moleque. Ana minha querida, que também só
me quer bem, esse ano a telona e a pipoca é por minha conta.
          

Um comentário:

Big Daddy Big Head disse...

Isso foi assunto com amigos em um boteco algumas noites passadas. Me ame pelo o que eu sou, e não pelo o que eu tenho ou o que eu posso proporcionar.
Tamu junto, Claudião! Torço por vc! E tenho certeza que isso é apenas um aprendizado, e como vc é um cara inteligentem, vai aprender e sair disso rapidinho. ;)
Abração