segunda-feira, 28 de março de 2011

Traje a Rigor


O rei está nu? Bem-vindo ao clube, rei. Eu que sempre tive meus
sentimentos protegidos por uma couraça de aço, fechado para
dar ou receber qualquer demonstração de amor por uma armadura
de Adamantium estou aqui, peladim peladim me expondo de uma
maneira nunca antes vista. Hora de realizar um sonho. Eu que nunca
imaginei adotar a escrita como instrumento de expurgo venho
tentando encaixar esta citação primorosa dos trovadores
Engenheiros do Hawaí. Consegui: “Há um Muro de Berlim dentro
de mim”. Uau, arrepiei-me. Mas como o objetivo é expor-me,
largo a brincadeira. E se antes guardava, escondia meus sentimentos
na gaveta mais longínqua, intransponível por anos e anos de bagunça
e de negligência, agora sinto necessidade de me abrir totalmente.
Gay? Talvez, mas esta é a mudança mais latente que esta doença
provocou em mim. Diria até que esta transição comportamental,
sentimental é até mais visível que os vinte quilos de gordura
e líquido acumulados pelo uso absurdo de tanto medicamento.
Na hora que ficar bem, o perfil arredondado irá embora,
o mantra paz e amor há de perdurar. Gay? Novamente, talvez.
Só espero, despido desta indumentária, desta blindagem
anti-sentimentos, que eu consiga desviar de lâmpadas fluorescentes.
Este sou eu agora. Claudinho nu com a mão no bolso.

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