domingo, 12 de junho de 2011

Coleção II



Fiquei com vontade de contar. Não é vantagem. É interesse mesmo.
Não comecei a juntar, colecionar nada pelo lucro. Não sou o virgem
de quarenta anos que vende sua coleção por meio milhão. Só que
eram muitos interesses e quando percebi, tinha muito de muita coisa.
Não estou me desfazendo, queimando minhas coisas. As coisas
queridas continuam queridas. Livros de propaganda já não me são
queridos. Dei-os. Mas tenho uma coleção de flip books, aqueles
livrinhos que você vira com o dedo formando um filminho.
Quantos tenho? Trinta, quarenta, sei lá. Quanto custou, onde?
Sei lá, pelo mundo. Máquinas fotográficas antigas? Sessenta,
cinqüenta? A mais cara deve ter custado uns trinta dólares.
E as que foram presentes? Uma delas era do avô de um amigo.
Outras tantas, presente do meu irmão. E os brinquedos? As
motinhos de lata? De dar corda? Os bonecos do Alfred Newman?
O mordomo? Os brinquedos Kustom Kulture? A máquina
de fliperama Taito Hawkman restaurada e linda dos anos oitenta?
O triciclo lindo dos anos vinte? Nada disto é grana, nada é
monetariamente mesurável. Nada disto se compra na Cecília Dale.
Nada vale nada. Valem interesses, curiosidades, coisas divertidas
que você associa a momentos, viagens, experiências. Lembro
de estar atravessando o Canadá em uma Kombi e parar em algum
antiquário no meio do nada só de olhar para uma destas câmeras.
Fui amealhando coisas ao longo do caminho. São minha história.
São pedacinhos de mim. E estes dias o Harold (outra coisa que fui
amealhando: Amigos) mandou umas fotos de outro brinquedinho
meu que fazia tempos que não via: Uma motinho inglesa BSA
Bantam, 1952. Lindinha, não? O comprometimento com
a restauração, com meu irmão, isto é que importa.
Esta é a cereja do bolo. Não o colecionar.
     

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