sexta-feira, 10 de junho de 2011

Coleção


Você já sabe. Fui publicitário. Preferia uma profissão mais
nobre. Gigolô. Traficante. Agiota. Mas não vou falar mal.
Não falo mais mal. Só não me peça para deixar de ser irônico.
E enquanto publicitário e irônico, amealhei, juntei, acumulei.
Enquanto não publicitário também. Colecionava uma revista
alemã de propaganda. Façamos as contas: Seis exemplares
por ano, uns sessenta reais cada e muitos anos. Quanto
gastei? Tanto faz. Em uma época da minha vida foi importante.
Não mais. Um ex-enfermeiro que tanto me ajudou, virou a mesa.
Novo publicitário, ganhou uma coleção de revistas alemãs
e mais um monte de livros. Também este não é um texto sobre
o quão bom coração ou sobre o tamanho da minha benevolência.
É sobre acumular, juntar, amealhar, colecionar, curtir, aproveitar
e gastar. E não ser aquele senhor obcecado e obsessivo que
guarda latas de Nescau embaixo da cama. As coisas tem um ciclo.
Não usa mais? Alguém vai usar. Gosto de saber que minha
bicicleta bam-bam-bam de triathlon está sendo bem usada
por uma criança necessitada e bem melhor atleta que este atual
gordinho que vos escreve. Meu tio ganhou um livro meu que
você não encontra na FNac. O livro não era aberto há anos.
Ele vai gostar assim como eu gostei. E depois mais alguém.
Este é o ciclo. Meu som tomou o mesmo caminho.
E o vídeo-cassete (você ainda tem, né?), equipamento de
mergulho, roupas, ternos, sapatos, a tal bicicleta, livros,
remédios e o que mais aparecer. O que mais tiver cumprido
sua missão para comigo. Agora a missão é com outro alguém.
Dê uma olhada nos seus pertences de tempos em tempos.
Nescau tem prazo de validade.
     

4 comentários:

only 2 wheels disse...

Num tem uma Harley parada ai não??? kkkk, zueira... Tive um tempo afastado do meu blog e consequentemente do seu, saudades de vc e seus textos brother....

Don Andre?? disse...

Tenho um studio de tattoo Claudinho... e coleciono um milhão de coisas. Porem td que há nele foi doado popr amigos ou dispensado por alguem... o legal é q cada pesso que entra no studio sente familiaridade com algo e qnd essa familiaridade é muito grande, a pessoa ganha geralmente um presente... é assim mesmo, as coisas devem circular e tornar mais suportavel a existencia de alguem a todo momento. Por nostalgia, por utilidade, por algo. só não vale ser inutil... abraço amigo... saudade.

Ol'Jones disse...

ainda tem o chaveiro do Rat Fink? kkkk

SIMONE SHITRIT disse...

buenas Claudio, ai vai....esqueceu de mencionar a coleção de namoradas...pelo ok eu entendi foram muitas...não fui eu quem disse isso...foi o Arnaldo...